Nesta tarde de 03 de janeiro de 2023
debaixo do sol dos trópicos em Recife,
na banca do Jesus, no Derby Center,

a revista do Tex (uma edição compilada)
causou uma explosão digna da supernova
em louca fusão nuclear em fachos de luz
de lembrança alucinada e feroz saudade.

Nesta tarde, logo devorada pelo tempo,
outra tarde dormindo se alumiou inteira
em meio a defuntos e mofos de décadas

a ressuscitar em Santa Inês do Maranhão
o Santana e suas revistas em quadrinhos:
ali o Recruta Zero, a revista da Mônica;
acolá o Mickey, Tio Patinhas, Asterix.

Em preto em branco fluorescente, o Tex
(Tex Willer indignado pela morte do pai
assassinado pelos bandidos mexicanos –
malditos: levaram uma partida de gado.
Caramba y carambita: ─ Pagarão caro!)

Naquele tempo nada sabia sobre a Itália,
de todo ignorava Giovanni Luigi Bonelli
e menos ainda conhecia Aurelio Gallepini
e aquele lugar de nome belo e comprido:
o poderoso Estados Unidos da América.
México e Texas eram lugares fascinantes
(apenas intuía que cowboy era o vaqueiro).

Sabia dos valentes índios pele-vermelhas –
de Kit Carson, de Kit Willer, de Jack Tigre,
da bela índia Lilyth, musa e mulher de Tex.
E – claro – dos seus mais odiados inimigos:
Mefisto, Tigre Negro, Yama, El Muerto.

O importante era Tex viver no meu mundo:
Tex, o Águia da Noite, chefe da tribo navajo,
montando em seu selvagem cavalo Dinamite
ali, no quintal de minha casa em Santa Inês,
onde o delírio era real e a vida transfigurava.