Quero o poema de silêncio, reticente,
de recalques, dos amores impossíveis,
de dores secretas, das almas perdidas:

latejando vísceras, comovendo as pedras
essência de princípio burilado há séculos
nas premissas mais estoicas da filosofia

cujo testemunho seja a vida em ofertório
de sacrifício entranhado de todo orgulho
de não ceder ao seduzir do ar palaciano.

Quero o poema de nervos dilacerados
de finíssimos filetes de luz em trevas:
poema sem palavras, brutal tal a vida.