Em pétalas de silêncio,
rebentando o mistério
vim à luz.
O choro do recém-nascido, canto de esperança,
se fez música atravessando a noite.
Logo veio a manhã de novembro e sol:
o céu luzia no ordinário dos dias
às margens do rio Mearim,
em Bacabal.
Todos se moviam nos mecanismos prosaicos do existir
e o nascimento de um menino franzino e pobre
era um acontecimento adjetivado pela repetência,
não fosse a vida o encantamento do banal.
Entre o fantástico da noite e a crueza do dia
apartaram meu umbigo:
apartado, busco o que ata a vida
ao que ao banal cintila
desatando azul.