MANHÃS DE SANTA INÊS

Aquelas manhãs de Santa Inês
Aquelas manhãs de Santa Inês
Aquelas manhãs de Santa Inês
gaguejam a beleza

a um inseguro menino
em meio ao sol e ao improvável,

vez que tudo ainda não tinha formas definidas
e o soprar do vento parecia brincar de infinito
que tudo seria de novo amanhã
e assim até o fim dos tempos,

mas
o fim dos tempos
era uma metáfora longínqua:
retórica perdida em expressão vazia de sentido
em manhãs que reiniciavam a vida em flor
em flor
em flor,

que ainda agora perfuma de passado
a manhã que chega em outra cidade
trazendo Santa Inês e seus fantasmas,

porque todas as manhãs reinventam o mundo.