eu nasci do buriti, debulhado nas tuas palavras a virada do vento. eu cresci na águas, e nas sementes verbais alimento dos peixes. queimei a lavoura no resguardo das tuas mãos, percorrendo incertezas no cavalo de São Jorge. não sei mais chorar (não permito mais o holocausto). sou um mongol esperando o sol de Monet.
Ler maisA máscara me trouxe mais um enigma. Coisa boa da covid 19. Antes, não tinha o desejo de saber que gosto, que desgosto, que alegria, que tristeza pontificavam atrás do rosto. Antes, o rosto se dava por inteiro, e os lábios apareciam de todo. Lábios múltiplos, ternos, tímidos, túmidos, tépidos, anônimos, pálidos, carnudos, melancólicos, devassos, infernais, paradisíacos. Antes, tinha a […]
Ler maisEssa pandemia alterou tudo que se possa imaginar no planeta Terra, tema que já foi explorado sob todos os ângulos pelos cronistas, articulistas, romancistas e pela imprensa em geral. Dentre todas as alterações, venho ressaltar uma até agora esquecida: a força do olhar. As máscaras escondem os sorrisos, abafam a fala, obstruem os narizes e, se o usuário usa óculos, […]
Ler maisPalestra proferida no 8° Círculo Literário Virtual de Entretextos: Leituras Compartilhadas de Mário Faustino, no dia 17 de outubro de 2020. Na próxima quinta-feira, 22 de outubro, o poeta e crítico literário Mário Faustino dos Santos e Silva completaria 90 anos, não fosse o fatal desastre aéreo que o vitimou, na madrugada do dia 27 de novembro de 1962. […]
Ler maisUma vez, numa das minhas andanças por São Luís, garimpando livros, dei com uma obra, publicada por Jomar Moraes, com o título “Frutuoso Ferreira: o poeta devolvido”. O livro era uma coletânea de poemas deste que era qualificado como um dos poetas parnasianos de São Luís, que viveu meio recluso, na época em que fazia sucesso na capital do Maranhão […]
Ler maisJoão Ninguém estava voltando para casa como se fosse um rei, pois algumas horas atrás havia conseguido derrotar o Dr. França Silva em uma briga de galo. Naquele momento, João nem sequer lembrava que tinha sessenta e oito anos e que havia de pedalar do Bairro São João à Usina Santana caso quisesse chegar a seu mísero casebre. Nem se […]
Ler maisO velho urubu, como um rei do espaço, planava, recortando-se contra a empanada azul do céu. Antes, estivera a revoar com os seus irmãos, em circular dança acrobática. Como não surgisse nenhum aroma de apetitosa carniça, seus companheiros tomaram o rumo do angico branco, no alto do morro, para passarem nesse poleiro as horas de sol inclemente do meio-dia. Mas […]
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