I.
Pode irromper do mais recôndito labirinto da memória,
onde uma lembrança acende manhãs e tardes infinitas
que insistem em não morrer, embora solucem saudades
já desbotadas nos olhos que seduzem a sinfonia do fim
(os olhos azuis do velho retrato ainda lampejam poesia).
II.
O engenheiro faz o poema de lógica cartesiana,
– assim o escrevia o gênio de João Cabral –,
mas a criança conduz a mão contida que a guia:
o inefável não pode vir ao mundo sem magia.
III.
Poesia, mistério tramado na lógica e no delírio,
atravessa o humano na natureza dos contrários
e ilumina a vida no desfilar de todo inesperado.
(Weliton Carvalho)