Poeta é todo aquele que transborda diante da vida
e, sem um porquê, deságua em meio a tudo comovido.

Poeta-se em um jardim para contemplar uma folha seca
que balança à brisa da manhã mormente no vento veloz
que dissipa no ar seu destino incerto no enigma da vida:

um simples roçar de mão abarca sua vida inteira,
poderia ali se incendiar todos os sóis do universo:
a ventania que nos incomoda em roupas e cabelos
traz ao seu olfato o perfume da lápide do tempo.

Poeta é o fantasma que se assusta no desperdício do belo.