EPIGRAMAS: ESPLENDOR DA BRUTALIDADE

PARAÍSO DESOLADO
Os humanos fazem a guerra e depois da terra desolada se dedicam à poesia. Sem demora voltam à guerra. Não há dúvida: o destino humano é se perder do paraíso.

A BANALIDADE POR VEZES É SONHO
Hoje, dia 01.04.2022, todos os habitantes da Ucrânia sonham apenas estar em casa e em paz.

TEMPOS SOMBRIOS
Há tanto ódio no mundo que não demora muito e toda forma de amor será crime.

ESPLENDOR DA BRUTALIDADE
A arma atômica é o esplendor tecnológico festejando a brutalidade.

AUTENTICIDADE
Sabe a tua generosidade?, estará sempre sob suspeita; o ódio não – é a autenticidade da espécie.

CONSTRANGIMENTO LÓGICO
Na guerra, um soldado mata outro soldado e não causa nenhum constrangimento à lógica: eram inimigos e nem se conheciam.

EVOLUÇÃO
Um míssil é a pedra lançada pelos homens das cavernas contra seus inimigos em pleno século XXI.

ARMA
Poesia – arma dos desarmados de tudo que provoca a guerra.

SEM DIÁLOGO
O dono da guerra só escuta o eco da sua própria voz.

A POÉTICA DO INÚTIL
Quanta poesia poderia exalar da inutilidade das armas e dos exércitos?

MÉDULA
No instante derradeiro, só isso importa: com quem deixaste teu coração?, e quantos corações trouxeste contigo?