Sou seguidor de quem também me segue,
mas não sabemos, ainda, para onde vamos:
estamos em um mar nunca dantes navegado,
infinito mar de náusea e vulgaridades expostas
(delicadamente expostas com um verniz de arte)
e tudo tão próximo tão distante, real e ilusório
– as pessoas estão ali e se mostram tão vivas –,
mas me falta calor, afeto, olfato, certa carência:
careço tanto de braços que me amparem da dor,
olhos que se debrucem sobre minha timidez,
mãos que afaguem minha melancolia ao viver
(que me amparem das minhas angústias várias)
— Ainda há outros seres angustiados no mundo?
(seres que sofrem de amor, de solidão, de vida?)
Quero tanto ainda seguir em direção ao humano,
onde há olhos fatigados de tanto trabalho tedioso,
de sonhos que se perderam, de esperança no futuro
– de miudezas que cintilam em silêncio e abandono –
fazendo a vida levitar num átimo desprezível de luz
para acender uma doce voz na tocha da esperança:
— Não dê ouvido ao suicídio: descubra teu caminho.
E tu, meu companheiro, para onde vais me seguindo?,
para onde vais te levando?, para onde vais?, para onde?