a Luiza Cantanhêde
Não cantes tua cidade, deixe-a em paz
— aconselhou o poeta de Itabira —
mas quando a cidade se entranha na gente
tal nódoa de caju, de bananeira no verão,
escorrendo na pele, penetrando a carne
e circulando no sangue para sempre?
e na gente vai habitar nos abismos do ser
e planta raízes fundas de brisa e melancolia.
E quando as manhãs com cheiro de alfazema
teimam em não morrer nos olhos do menino?
E quando a cidade é um rumorejar de vozes
e fantasmas compondo um poliedro colorido,
dilacerando fuligem e partículas invisíveis?