Aquele revolver de azul, brisa, bichos, coisas, folhas
no farfalhar do vulgar de intensa beleza em danação
era o invento da vida em alucinada aflição e doçura
onde o tudo e o nada escorriam ao mistério.
E tudo que se explicava se revoltava contra a lógica
e o mistério continuava a fluir em novas indagações
– criando explosões de epifanias em cadeia –
de tal modo a criação do mundo jamais findava,
porque o fluxo de tudo e nada formavam o enigma
– o tudo e o nada se dissolviam em encantamentos
e eram tantos, coloridos e velozes, que faiscavam
por dentro das coisas, pelos olhos, no abissal da alma
e a luz em cometa a dissolver o nada em azul:
o silêncio habitado de sustos e loucas exclamações:
Santa Inês, eixo dos trópicos, brisa e banal espanto.
(Quando na escola me falaram de Lavoisier, sussurrei:
— Então eras tu, doce feiticeiro, no quintal de casa).